Profissionalização de pessoas trans através do grafite 

Profissionalização de pessoas trans através do grafite 

O Grafita! Trans é um projeto de educação comunitária de arte urbana e de promoção do direito à cidade

O Grafita! Trans oferece oficinas de grafite com o objetivo de promover a profissionalização, a exposição e o desenvolvimento de novos artistas trans da periferia do Distrito Federal, criando espaços seguros para pessoas trans. O coletivo também tem como objetivo fazer com que os pontos destaques da cidade de Samambaia tenham mais cores, transformando o ambiente urbano e proporcionando um novo olhar sobre a cidade para os que estão dentro e fora do projeto.

Desenvolvido com apoio da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, do FAC (Fundo de Apoio à Cultura), e do Complexo Cultural de Samambaia, o projeto promoveu ações de janeiro a março de 2023 que envolveram pinturas de pontos turísticos da cidade de Samambaia. O projeto comunica as memórias de pessoas trans e leva essas narrativas para as ruas. Também resgata o grafite como forma de arte, de reflexão e crítica social.

Além disso, o coletivo vem se mostrando mais que uma proposta cultural para aprender a arte do grafite, mas também como um espaço de troca, de escuta e de acolhimento entre pessoas trans, onde podem compartilhar suas vivências e suas dores sem medo de julgamento.

Os participantes falaram do projeto como um espaço de respeito que eles nunca vivenciaram antes. Segundo Marinão, um dos participantes, “O Grafita! está sendo revolucionário, são pessoas legais fazendo coisas legais. São pessoas trans sendo felizes, colocando essa felicidade em tinta, em cor. Isso é maravilhoso para mim”, conta ele. Para a participante Carola, que sempre desejou “encontrar sua tribo”, o Grafita! Trans é como um lar. “Geralmente eu sou a única pessoa trans dos espaços que ocupo e isso é um desconforto em tantas instâncias. Por muitas vezes me sinto vulnerável, deslocada ou até mesmo um alien sem direito a me sentir pertencente. Porém agora, em meio a tantas outras pessoas trans cheias de vivências incríveis que, por mais peculiares que sejam, tangenciam a minha história, só me faz me sentir mais e mais em casa”, diz Carola.

Algumas pessoas veem no projeto uma capacitação profissional, outras estão ali pela experiência, outras pela convivência. Mas o importante é que todos começam a ver ali algo para além do Grafita!Trans. A participante Duda pretende trabalhar com grafite após o projeto. “O que eu espero após o projeto é sair trabalhando com grafite. Eu quero fazer murais, aprimorar minhas técnicas e quem sabe participar de uma Crew para sair grafitando em grupo.”

A transformação proporcionada pelo Grafita! não se resume às possibilidades que se abrem aos participantes das oficinas, mas também de uma nova forma de pensar a cidade por parte dos moradores que enxergam de maneira positiva as mudanças nestes espaços. Segundo Klara, 22 anos, moradora de Samambaia desde criança, o projeto deixou a instalação “Eu amo Samambaia” mais colorida. “Pelo menos cinco vezes por semana eu

passo por ali porque, enfim, é a entrada e saída da cidade, e estava sempre branco, sempre apagado. E o projeto trouxe cor para aquele ponto, que é especial e que marca o começo da cidade.”

Além disso, no sábado, dia 11 de março, fizeram uma intervenção artística na Feira Permanente, na 202 da Samambaia Norte. No meio da intervenção, participaram várias pessoas que estavam próximas, os comerciantes cooperaram ativamente na escolha dos elementos para criação das artes e enalteceram os artistas trans que estavam presentes. Também estava sendo produzido um curta, que mostrou com detalhes todos os momentos do projeto e a importância dele para quem participou.

Para conhecer mais sobre o trabalho da equipe e dos artistas envolvidos e ajudar o projeto a continuar você pode acessar o instagram oficial (@grafitatransoficial).

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Alvaro Maciel

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