Trotes para o Samu-DF caem quase 90% com ações de conscientização
Em uma emergência, cada segundo conta! Por isso, um trote para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pode ter consequências graves. A boa notícia é que o Samu-DF tem combatido essa prática (que é crime!) e os resultados são ótimos: em três anos, o número de trotes caiu impressionantes 89,2% no Distrito Federal.
Em 2021, o Samu-DF registrou 68.002 ligações falsas. Em 2024, esse número caiu para 7.313. E em 2025, até junho, foram 2.731, uma redução de 31,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Essa queda é resultado de diversas ações do Samu, especialmente as de conscientização. “Essas ações são multifatoriais. Elas envolvem desde iniciativas que o próprio serviço atua, como o projeto Samuzinho, até a divulgação em canais como as nossas redes sociais”, explica o diretor do Samu-DF, Victor Arimateia.
O Samuzinho é um projeto que visita escolas do DF, mostrando a crianças e adolescentes os perigos dos trotes. Os estudantes também aprendem noções básicas de primeiros socorros e como chamar o Samu corretamente. Mais de 25 mil pessoas já participaram do programa!
O Prejuízo de uma Ligação Falsa
Quando alguém liga para o 192, a chamada passa por duas etapas:
- Um Tarm (técnico auxiliar de regulação médica) atende para pegar as informações básicas (nome, local, o que está acontecendo).
- A ligação é encaminhada para o médico regulador, que vai, de fato, dar o atendimento.
A maioria dos trotes é identificada e barrada na primeira etapa. Mas, se passarem, os médicos também são treinados para reconhecer chamadas falsas. “A gente tenta ficar mais atento a informações que sejam conflitantes”, diz a médica reguladora Carolina Veloso. “Como muitas vezes tem relação com crianças e adolescentes, a gente também identifica muitos casos pedindo para falar com o adulto em cena. Aí, quando não tem esse adulto em cena, a criança ou adolescente acaba desligando o telefone.”
Mesmo sendo identificados, os trotes ocupam profissionais que poderiam estar salvando vidas em emergências reais. Se um trote passa por todos os filtros, o prejuízo pode ser ainda maior. “Quando eu falo em urgência e emergência pré-hospitalar, tempo é vida“, alerta Victor Arimateia.
Ele exemplifica: “Eu posso ter, de fato, uma viatura sendo deslocada, com uma equipe de especialistas, […] saindo da sua base, descobrindo, portanto, uma área de cobertura. Caso haja, nesse período, a entrada de uma ocorrência verdadeira, um paciente realmente em situação grave, eu não vou ter essa viatura ali do lado para atendê-lo.” Isso atrasa o socorro e pode ser fatal para quem realmente precisa.
Passar trote é crime e pode levar a até oito anos de detenção no Código Penal. No DF, uma lei específica (Decreto nº 44.427/2023) prevê ainda multa de até três salários mínimos (R$ 4.554).





