Caramujo Africano: Como combater e proteger sua família e pets

O jardim de Ana Paula da Silva, moradora do Sol Nascente, virou palco de uma infestação preocupante: dezenas de caramujos africanos (Achatina fulica). “Plantei uma horta com coentro e cebolinha, mas desisti. Eles comem e matam tudo. Em uma única limpeza, recolhi mais de 50 deles e piora na época da chuva”, relata Ana Paula, que já orienta as crianças da casa a não tocarem no molusco. A preocupação da dona de casa é mais do que justa, pois essa espécie exótica e invasora representa sérios riscos à saúde de humanos e animais.
Introduzido ilegalmente no Brasil no final da década de 1980 como um substituto do escargot, o caracol africano já se espalhou por quase todos os estados. Sua alta capacidade de reprodução – cada um pode colocar, em média, 200 ovos por postura a cada dois ou três meses – explica a rápida proliferação. Os ovos, que se assemelham a sementes de mamão, são branco-amarelados e ficam parcialmente enterrados, dificultando a detecção.
Riscos à Saúde e Prevenção
O maior perigo do caramujo africano reside em sua capacidade de transmitir vermes que causam doenças graves, como a meningite eosinofílica e a enterite eosinofílica. A infecção ocorre quando há ingestão acidental de larvas do verme, presentes em frutas e hortaliças contaminadas com o muco (gosma) que o molusco libera ao se locomover.
Por isso, a higiene correta de alimentos é fundamental. Recomenda-se mergulhar verduras, legumes, hortaliças e frutas em uma solução de uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água por 30 minutos, seguido de um bom enxágue.
Como Agir e Descartar Corretamente
Se você identificar a presença do caracol africano em sua residência, a boa notícia é que o próprio morador pode realizar a catação. Lembre-se sempre de proteger as mãos com luvas de limpeza. Após a coleta, você pode acionar a Vigilância Ambiental (Dival) do Distrito Federal pelos telefones (61) 3449-4427 ou Disque-Saúde 160. Os profissionais ajudarão a identificar a espécie e orientarão o manejo adequado.
O biólogo da Dival, Israel Martins, explica o descarte correto:
- Com o uso de luvas, colete os caramujos e ovos.
- Coloque-os em um balde ou lata metálica.
- Esmague a concha com um martelo ou peça similar para evitar acúmulo de água.
- Adicione ao balde 1 litro de cloro e 3 litros de água, e tampe.
- Deixe o material de molho por 24 horas.
Após esse período, os caramujos e ovos esmagados devem ser drenados e colocados em um saco de lixo resistente. Outra alternativa é enterrá-los em valas com profundidade mínima de 80 cm, revestidas com uma camada de cal virgem para impermeabilizar o solo e evitar a atração de outros animais. “Esses procedimentos devem ser feitos periodicamente, enquanto durar a infestação”, alerta Martins.
A quebra das conchas é vital, pois conchas vazias podem acumular água e se transformar em focos de mosquitos Aedes aegypti, transmissores da dengue, chikungunya e zika. “É preciso manter o quintal sem esconderijos, como materiais de construção armazenados e vegetação alta”, completa Rogério Alves de Andrades, agente de vigilância ambiental em saúde.
Caramujo Africano vs. Espécie Nativa: Saiba Diferenciar
Para não confundir, a concha do caracol africano é marrom escura e pode atingir até 15 cm de comprimento. A abertura da concha é cortante e afiada, e a parte traseira da casca é pontuda. Já as espécies nativas do Brasil (como a Megalobulimus) possuem uma abertura da concha bem mais espessa.
Em caso de dúvidas ou para mais orientações, entre em contato com a Vigilância Ambiental do DF pelos telefones: (61) 3449-4427 ou Disque-Saúde 160.