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Profissionais de saúde capacitados para cuidar de crianças com alergia ao leite

Profissionais de saúde capacitados para cuidar de crianças com alergia ao leite

A rede pública de saúde do Distrito Federal investe na qualificação de seus profissionais para aprimorar o atendimento a crianças com Alergia às Proteínas do Leite de Vaca (APLV). Com um novo protocolo e foco na segurança alimentar, o objetivo é garantir assistência de ponta e evitar restrições desnecessárias aos pequenos.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) mobilizou mais de 200 profissionais da rede pública para uma capacitação essencial: o Protocolo de Manejo Nutricional na Alergia às Proteínas do Leite de Vaca (APLV) para crianças menores de 2 anos. O treinamento visa aprimorar a assistência e garantir a aplicação efetiva das melhores práticas, elevando a qualidade do atendimento a um grupo que tem crescido significativamente.

A APLV é uma condição cada vez mais presente na pediatria. De 2013 a 2024, o número de crianças com até 2 anos diagnosticadas com APLV na rede pública do DF aumentou impressionantes 126%. Só entre 2023 e 2024, mais de 800 novos casos foram registrados anualmente, representando cerca de 2,3% dos nascidos vivos nesses períodos.

“Capacitar os servidores é fundamental para garantir a aplicação correta do protocolo. Isso impacta diretamente na qualidade do atendimento e na segurança alimentar das crianças atendidas”, explica Carolina Gama, gerente de Serviços de Nutrição (Gesnut) da SES-DF. Essa integração do conhecimento é vital, pois, como destaca Marta Guidacci, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia do DF (Asbai-DF), padroniza a assistência e torna as atuações mais seguras e baseadas em evidências científicas.


O Novo Protocolo e o Teste de Provocação Oral (TPO)

Publicado em julho de 2024, o Protocolo de Manejo Nutricional na APLV é fruto do trabalho de um grupo multidisciplinar de especialistas, incluindo profissionais do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e dos Bancos de Leite Humano (BLH), além de nutricionistas e alergistas da própria SES-DF.

Um dos pilares desse novo protocolo é a utilização do Teste de Provocação Oral (TPO). “Esse protocolo veio com a proposta de que todas as crianças com suspeita de APLV passem pelo TPO. Assim, evitamos que aquelas sem alergia fiquem cadastradas no programa, sofram restrições desnecessárias e enfrentem problemas sociais ou nutricionais”, esclarece Carolina Gama.

Durante a capacitação, realizada na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília, foram abordados temas cruciais como aleitamento materno, condutas médicas após o TPO e o papel fundamental dos Bancos de Leite Humano no manejo nutricional. Elisa de Carvalho, diretora clínica do HCB, palestrou sobre o conceito, diagnóstico e tipos de alergia ao leite, ressaltando a importância do tema.

“Entre os oito alimentos mais alergênicos — leite de vaca, ovo, soja, trigo, castanhas, peixe, crustáceos e amendoim —, o leite é o mais prevalente na pediatria”, destaca a médica. A APLV afeta entre 1,9% e 4,9% das crianças, uma taxa significativamente maior do que em adultos, exigindo atenção redobrada dos profissionais que atuam com o público infantil.

Com essa iniciativa, o Distrito Federal reforça seu compromisso com a saúde e o bem-estar das crianças, garantindo que o cuidado com a APLV seja cada vez mais preciso, seguro e humanizado.

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Alvaro Maciel

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