População debate revistas e detectores de metais após casos de violência
A crescente preocupação com a entrada de armas brancas nas escolas do Distrito Federal motivou um debate crucial na Câmara Legislativa do DF. Após dois recentes casos de esfaqueamento em escolas do Gama e de Brazlândia, uma reunião pública nesta quarta-feira (16), por iniciativa da deputada Paula Belmonte (Cidadania), discutiu a urgência da implementação de mecanismos de controle de acesso nas instituições de ensino.
Entre as medidas levantadas pela população e especialistas presentes estavam a realização de revistas em mochilas, a instalação de raio-x e detectores de metais, o uso de catracas com reconhecimento facial e a expansão do efetivo do Batalhão Escolar. “Eu preciso de controle de acesso na escola. Não é a escola ideal, eu não quero uma escola tipo prisão. Mas hoje eu só quero me sentir segura no meu ambiente de trabalho. E eu quero levar segurança para os meus alunos também”, clamou Silvia Maria Cavalcante, coordenadora do Centro Educacional 01 São José, em São Sebastião, local de um ataque em março de 2024.
Emocionada, Cavalcante relembrou o chocante episódio em sua escola, onde um aluno esfaqueou cinco pessoas. “O aluno era exemplar, com família presente. Mas ele passou no portão da escola e esfaqueou 5 pessoas”. A coordenadora foi ovacionada com uma salva de palmas pela sua coragem ao conter o agressor.
Ana Beatriz Goldstein, assessora especial de cultura da paz da Secretaria de Educação do DF, reforçou o coro pela segurança: “Quando pedimos controle de acesso, eu fico perplexa de ver pessoas que pensam que estamos querendo transformar a escola em um presídio. É o contrário. Nós queremos trazer segurança para quem está dentro. A nossa mochila tem que ter caneta, livros, sonhos. Não pode ter canivete, estilete, entrada de objetos que não são pedagógicos”.

Crédito: Ângelo Pignaton/Agência CLDF
Ações Imediatas e a Longo Prazo:
A maioria dos participantes da reunião defendeu uma abordagem que combine ações educativas e preventivas com medidas de segurança imediatas. “Precisamos ter políticas de curto, médio e longo prazo”, defendeu Flávio Campos, diretor do Centro de Línguas do Gama, enfatizando a urgência do controle de acesso para resolver o problema atual de violência nas escolas. Ele expressou a esperança de que, com políticas de médio e longo prazo, uma cultura de não-violência possa ser desenvolvida, tornando os equipamentos de segurança desnecessários no futuro.
O secretário executivo de segurança pública, Alexandre Patury, citou o sucesso do Carnaval de Brasília em 2025 como exemplo de como campanhas educativas e medidas de controle podem coexistir eficazmente na prevenção da violência. “Não tivemos nenhuma facada naquele universo de mais de 1 milhão de pessoas que circulou no Carnaval de Brasília. Nós fizemos campanha e revista. Apreendemos 400 facas e tesouras”, ressaltou, defendendo a revista nas escolas como medida imediata enquanto a sociedade passa por mudanças culturais a longo prazo.
O estudante Guilherme Bezerra, representando os alunos do Centro Educacional 01 do Riacho Fundo II, também se manifestou a favor da implementação de mecanismos de controle, reconhecendo a necessidade de estratégias de segurança para garantir a integridade física de todos.
Contrapontos e a Visão da Gestão:
Para Macário Neto, diretor do CEM 01 do Gama, o foco principal deveria ser o fortalecimento do Batalhão Escolar, argumentando que os controles de acesso seriam insuficientes para lidar com problemas como o tráfico de drogas nos arredores das escolas, apontado como uma das principais causas da violência, juntamente com a desestruturação familiar e o bullying.
A comandante do Batalhão de Policiamento Escolar, major Daniella Sellani, informou que a PM está concluindo a formação de novos policiais e que há uma sinalização para o aumento do efetivo do Batalhão Escolar. No entanto, ela ponderou que o aumento do policiamento não elimina a necessidade de controle de acesso, defendendo a implementação de tecnologias para auxiliar na segurança, diante da inviabilidade de ter um policial em cada escola. Ela revelou que, em 2024, mais de 100 objetos perigosos foram apreendidos nas escolas do DF.
A importância de ouvir os alunos e considerar a especificidade de cada escola também foi levantada durante a reunião. Caroline Nogueira, mestranda em Políticas Públicas em Gestão Escolar, questionou a falta de participação dos estudantes no debate e a carência de profissionais como psicólogos, pedagogos e assistentes sociais nas escolas. A professora Andreia Monteiro alertou para a necessidade de adequar as medidas de segurança à idade e ao tipo de escola.
A deputada Paula Belmonte se comprometeu a realizar novas audiências dentro das instituições de ensino e defendeu a implementação de regras gerais de controle para evitar discriminações, ressaltando a importância da autoestima dos estudantes.
A íntegra da reunião pública está disponível no [Youtube da TV Câmara Distrital].





