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Maior complexo de reciclagem da América Latina já reaproveitou 38 mil toneladas de resíduos

Maior complexo de reciclagem da América Latina já reaproveitou 38 mil toneladas de resíduos

Localizado na Estrutural, o equipamento criado em 2020 melhorou as condições de trabalho dos catadores que, antes, viviam à sombra do antigo Lixão

Por Victor Fuzeira, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
O antigo Lixão da Estrutural, que por décadas foi cenário de trabalho árduo e precário para catadores de materiais recicláveis, agora é uma memória distante para aqueles que atuam no maior complexo de reciclagem da América Latina. Localizado a poucos quilômetros de onde o hoje desativado aterro sanitário funcionava, também na Cidade Estrutural, está o Complexo Integrado de Reciclagem do Distrito Federal (CIR-DF) – um dos mais modernos equipamentos públicos de reciclagem do país.Construído e entregue pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em dezembro de 2020, o espaço está situado em um terreno de 80 mil m² e tem capacidade para processar até 5 mil toneladas de resíduos por mês. Na ocasião, foram investidos R$ 21 milhões na construção do complexo, cuja gestão é compartilhada entre o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), a Secretaria de Meio Ambiente (Sema-DF), a Central das Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop) e as associações de catadores que atuam no local.Desde sua inauguração, o equipamento já garantiu o reaproveitamento de mais de 38,2 mil toneladas de recicláveis. “Graças a este importante equipamento público, temos conseguido reintroduzir esses materiais na cadeia de reciclagem. São toneladas de resíduos saindo todos os meses desse complexo e retornando ao setor produtivo, ou seja, voltando para as indústrias”, ressalta o chefe da Assessoria de Políticas Públicas da Sema, Glauco Amorim.

O chefe da Assessoria de Políticas Públicas da Sema, Glauco Amorim, diz que os equipamentos de última geração asseguram eficiência no processo de reciclagem

O CIR opera com duas Centrais de Triagem e Reciclagem (CTRs) e uma Central de Comercialização (CC). Todo o processo se inicia ainda nas CTRs, onde o material coletado seletivamente é separado, classificado, prensado e pesado. Em seguida, é encaminhado para a CC, onde passa pelas etapas de beneficiamento, estocagem e preparação para a comercialização.

Amorim ressalta que toda a operação do espaço é feita com equipamentos de última geração, o que garante eficiência e precisão no processo de reciclagem. “Recentemente, o GDF adquiriu novos equipamentos, já em fase de instalação e cuja aquisição contou com investimento aproximado de R$ 4 milhões, que irão melhorar processos de lavagem e segregação dos recicláveis e irão permitir colocar o produto dos catadores em outra prateleira, com maior valor agregado de até oito vezes o pago atualmente”, detalha o servidor.

Impacto social

“Para ter contrato com o governo, é preciso estar formalmente constituído e isso traz um ganho enorme para esses catadores, porque garante o acesso desses catadores a direitos básicos trabalhistas, como por exemplo o pagamento de INSS”

Francisco Mendes, chefe da Unidade de Sustentabilidade e Mobilização Social (Usmob) da Diretoria Técnica do SLU

O fechamento do antigo Lixão da Estrutural, em 2018, pelo SLU trouxe benefícios para o meio ambiente e para os catadores que trabalhavam no local em condições precárias e insalubres. Eles passaram a integrar o processo produtivo da reciclagem, como prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), por meio da contratação do serviço de triagem das cooperativas e associações formadas exclusivamente por catadores.

Sendo assim, além de revolucionar a forma como o Distrito Federal lida com o reaproveitamento de resíduos, o Complexo Integrado de Reciclagem trouxe dignidade e melhores condições de trabalho aos catadores que, graças à inauguração do espaço, podem atuar longe dos riscos e da insalubridade do antigo lixão.

“Posso dizer que o complexo foi uma bênção; no Lixão, o trabalho era sob sol, chuva, sem equipamentos de proteção individual, ou seja, sem as ótimas qualidades de trabalho que temos hoje”, diz o diretor financeiro da cooperativa Associação Ambiente, Thiago Mendes

“Para ter contrato com o governo, é preciso estar formalmente constituído e isso traz um ganho enorme para esses catadores, porque garante o acesso desses catadores a direitos básicos trabalhistas, como por exemplo o pagamento de INSS. Só isso já garantiu a vários dos nossos catadores o direito a uma aposentadoria digna”, explica Francisco Mendes, chefe da Unidade de Sustentabilidade e Mobilização Social (Usmob) da Diretoria Técnica do SLU.

Para Thiago Mendes, ex-catador e atual diretor financeiro da cooperativa Associação Ambiente, a criação do CIR foi a certeza de um futuro mais digno. “Desde 2001 que trabalho com isso, sendo 14 anos dedicados ao trabalho no Lixão”, conta. “Hoje, posso dizer que o complexo foi uma bênção; no Lixão, o trabalho era sob sol, chuva, sem equipamentos de proteção individual, ou seja, sem as ótimas qualidades de trabalho que temos hoje”.

Atualmente, o DF possui mil catadores vinculados a uma das 31 cooperativas que mantêm 42 contratos para prestação de serviços junto ao governo. Deste total, 375 trabalham exclusivamente no CIR, sendo que 70% desses profissionais são mulheres.

Somado aos benefícios trabalhistas, os catadores também são compensados financeiramente pela comercialização dos recicláveis. Neste ano, de janeiro a junho, a atuação dos profissionais garantiu a separação de 5,7 mil toneladas de materiais, que retornaram ao setor produtivo, implicando um ganho financeiro de R$ 3.421.156,72 às empresas.

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Alvaro Maciel

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