Vinícola no meio do Lago Norte lança vinho natural 100% feito no DF
O rótulo é o primeiro da cidade a ser produzido com o processo produtivo de mínima intervenção, diferentemente do convencional
Confirmando as expectativas de quem tornou mais frequente aquela taça de vinho no dia a dia, o consumo de vinho no Brasil cresceu 18,4% em 2020, segundo a maior autoridade no setor, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). O país passou de aproximadamente 360 milhões de litros para 430 milhões de litros entre o ano de 2019 e de 2020.
Aliado a esse crescimento, está também o aumento na procura de vinhos locais, com identidade tupiniquim e sabor de frutos daqui. Geralmente localizados no Sul do país, os vinhedos brasileiros estão se expandindo e chegaram recentemente à capital. Sim, Brasília tem produção de vinho (das boas!) e mais perto do que você imagina.
Em um terreno íngreme de médio porte no Lago Norte, está localizada o Vinhedo Lacustre. A paisagem lembra a Serra Gaúcha, mas fica a 25 km da Esplanada dos Ministérios. Ali, a cinco minutos do Posto Colorado, o consultor de projetos Renato Borges ergueu um parreiral capaz de produzir até 6 toneladas de uvas por safra.
Impressiona o fato de as videiras vingarem num terreno pedregoso e acidentado em pleno cerrado. São também de causar admiração a firmeza dos cachos e o doce das frutinhas — que brotam duas vezes por ano, em julho e dezembro. Em parceria com o enólogo Carlos Sanabria, o espaço tem produzido quase 10 tipos de uvas finas para um vinho com identidade totalmente brasiliense.
“As uvas se adaptaram bem ao solo do cerrado e estamos muito otimistas com a produção”, contou Carlos em entrevista ao Metrópoles. Segundo o profissional, o vinhedo pretende plantar, ainda, uvas brancas e mais raras no Brasil.
Da iniciativa, estão nascendo dois filhos do quadradinho: o primeiro espumante feito aqui e o primeiro vinho de mínima intervenção, vegano e com vinificação natural. “Já existe um vinho de Brasília, que foi o primeiro produzido aqui, mas ele é o que chamamos de convencional, que usa todos os artifícios para conseguir produzir o rótulo”, comenta o expert.
O vinho convencional é aquele que domina as prateleiras dos supermercados, lojas e mesas de restaurante. Eles são elaborados a partir de uvas que usam métodos convencionais de agricultura e depois vinificados também de maneira convencional. Na agricultura convencional, se utilizam recursos sintéticos, como fertilizantes químicos e pesticidas. Na adega, uma vinificação convencional vai usar de técnicas e insumos enológicos para corrigir e moldar o vinho da maneira que cada produtor preferir.
Já os de mínima intervenção entregam o conceito no nome: a ideia, aqui, é ter o menor índice de intervenção humana na elaboração dos rótulos. O primeiro desse tipo a ser chamado de brasiliense está prestes a chegar aos consumidores, com previsão de lançamento para agosto de 2022. “Vamos fazer um lançamento superlegal para ele, com uma identidade bem daqui mesmo. Queremos prestigiar o que é feito nessas terras”, contou Sanabria.
Para os próximos vinhos, a ideia é investir em uma produção totalmente orgânica e biodinâmica. “Estamos testando o que funciona mais com o solo. O futuro aqui será totalmente natural, para que os clientes se deliciem com um vinho totalmente do cerrado”, comenta o enólogo.
Giulia Roriz para o Metropoles





