Donos de pequenos negócios se unem nas redes sociais
Criado por Carlos Vidigal, o Mercado Conecta se tornou um espaço de conexão e capacitação para pequenos empreendedores
Criar uma rede de apoio de pequenos empreendedores é objetivo do Mercado Conecta, coletivo criado em 2017 nas redes sociais. Quando surgiu, o grupo no Facebook se chamava Expositores de Feiras do Brasil e era apelidado de EFB, mas o nome foi trocado para o Mercado Conecta quando mudou o foco durante a pandemia. Hoje, o coletivo conta com eventos (online e presenciais) e uma loja física na cidade de São Paulo.
Para participar, o critério é ter uma marca que seja autoral — a pessoa deve transformar materiais ou criar produtos em processos artesanais. E, apesar de não ter um limite de receita estabelecido, 99% dos integrantes são MEIs (categoria na qual o faturamento máximo atualmente é de R$ 81 mil por ano).
O coletivo surgiu por iniciativa de Carlos Vidigal, que fundou a marca de chás Mei Mei em 2015. No ano seguinte, passou a vender seus produtos em feiras livres de empreendedorismo. “Fiquei conhecido por ir a muitos eventos e as pessoas me chamavam para tirar dúvidas. Então criei um grupo no Facebook para trocar experiências e, depois de duas semanas, ele já tinha 450 pessoas”, afirma. Hoje já são 1.750 integrantes.
Com isso, os empreendedores do grupo viram que poderiam se unir para melhorar os seus negócios. Por exemplo: passaram a fazer compras coletivas. “Comprando em maiores quantidades, é possível negociar para economizar custos”, diz Vidigal. Além disso, ele apostou na capacitação dos participantes. “Falamos sobre o dia a dia dos empreendedores, ensinando a calcular os preços e a escolher as maquininhas com base na taxa”, afirma. No final de 2019, eles passaram a organizar uma feira própria.
Segundo ele, a iniciativa surgiu porque muitas feiras contavam com intermediários e os empreendedores precisavam pagar uma taxa para participar. No evento organizado pelo Mercado Conecta, os custos são divididos entre todos os participantes. Em 2020, o grupo tinha o objetivo de continuar se dedicando às feiras, mas o plano teve de ser adaptado por causa da pandemia.
Foi necessário aumentar a aposta na internet. Primeiramente, em abril de 2020, foi criado um marketplace para que os empreendedores pudessem oferecer os seus serviços e produtos online, já que muitos ainda não tinham um site próprio. Além disso, foram criados eventos virtuais nos quais os empreendedores mandavam promoções para os clientes em grupos de WhatsApp e Telegram.
“O primeiro evento foi muito legal, com apenas 25 marcas e 800 pessoas em quatro grupos de WhatsApp. O faturamento total foi de R$ 26 mil e ficamos impressionados porque ninguém precisou sair de casa e montar uma feira”, diz Vidigal. “Vimos que era um modelo legal e apostamos com força. Os empreendedores escolhiam quanto queriam pagar para participar e o dinheiro era usado na divulgação.”
Então, os próprios participantes usaram suas redes de contato para entrar em contato com pessoas famosas para auxiliar na divulgação. Em outros casos, mandavam mensagens diretas nas redes sociais. Com isso, as feiras foram anunciadas por pessoas como Paola Carosella, Fábio Porchat, Zeca Baleiro e Astrid Fontenelle. Em troca, os empreendedores doavam seus produtos para montar um kit de agradecimento para os famosos (que também servia de divulgação nas redes sociais).
Nos 12 eventos realizados durante a pandemia, o coletivo arrecadou cerca de R$ 500 mil. E, em agosto de 2020, depois do sucesso no online, os organizadores viram que fazia sentido trocar o nome de EFB para Mercado Conecta.
No entanto, eles perceberam um problema nos eventos online: o frete de diferentes marcas. Foi então que surgiu a ideia de abrir um espaço físico com produtos de diversos empreendedores para que, ao enviar para o cliente, todos os itens saíssem de apenas um lugar. Ao verem o local, tiveram a ideia de abrir uma loja física — inaugurada em agosto de 2021 na cidade de São Paulo. O local também conta com oficinas para capacitação de empreendedores.
E os eventos presenciais não ficaram de lado. Voltaram a ser realizados no final de 2021, sempre no último domingo do mês. “Nossos eventos são sempre em locais abertos e com divisão de custos entre todos os participantes”, afirma. O marketplace está fora do ar, mas, segundo o empreendedor, será reaberto em breve.
O plano é criar cada vez mais serviços que apoiem pequenos negócios. “Não paramos de pensar. O Mercado Conecta é um esforço para capacitação e também queremos organizar um fórum, com uma semana de trocas e vivências entre pessoas que compartilhem o mesmo tipo de empresa.”
POR CARINA BRITO PARA PEGN